Entre os meses de outubro e dezembro de 2021, foram realizadas três oficinas de fotografia e rodas de conversa sobre os artesanatos Guarani Mbya e Tupi Guarani, nas aldeias Tekoa Mirim, Tekoa Paranapuã e Tekoa Yvy Tim (Acaraú).

A imagem, por meio da fotografia, tem o poder de expressar e dar sentido, como também estimular e ampliar nosso imaginário, valorizando a perspectiva da realidade a partir do que se foca e em que se coloca determinada lente. O artesanato indígena é repleto de signos e significados desde a coleta da matéria prima, seus processos, até o resultado final e respeitar suas técnicas e dinâmicas é fundamental para os Guarani. 

As oficinas tiveram como processo metodológico a concepção freireana de educação popular, com estratégias que favorecem a cooperação e coletividade, considerando a escuta ativa e a dialogicidade, buscando estimular o pensamento crítico-reflexivo e a vivência da práxis (ação-reflexão-ação). As conversas em torno dos saberes ancestrais, a relação com os elementos da natureza e a espiritualidade, o preço justo, o valor imaterial e a apropriação de tecnologias que viabilizem a divulgação e facilitem a comercialização dos artesanatos das aldeias.

A oficina de audiovisual foi facilitada pelo comunicador social Ailton Martins, que trouxe elementos para que pudéssemos entender de forma simples, como funciona a captação da imagem por meio da lente da câmera, como utilizar a luz e a sombra a nosso favor, aproveitando também o cenário natural das aldeias.

 A partir desses elementos, é importante considerar a utilização das ferramentas tecnológicas mais disponíveis, que são os celulares. Hoje os aplicativos e as câmeras que são projetadas para celulares podem auxiliar na captura de uma foto com qualidade equiparada a uma câmera semi profissional ao se orientar e utilizar dessas técnicas que Ailton nos ensinou.   

Assim, as oficinas de fotografia serviram para que a partir da imagem fosse estimulado a captação das diferentes etapas de elaboração dos artesanatos, como também o produto final para realizar a venda, demonstrando o valor cultural contido em cada peça confeccionada pelas artesãs indígenas. Também tiveram um papel importante para compreender os diferentes conhecimentos sobre o audiovisual e a importância que os artesanatos tem nas aldeias: seu papel da sociabilidade, espiritualidade e sobrevivência material.